sábado, 14 de fevereiro de 2009

O CIGARRO


Pobre menino negro,
Sentado à beira do mar,
Não pode ocultar sua vergonha,
Só tem seu cigarro de maconha,
Apenas com ele pode sonhar.
Cercado está por prédios em que nunca irá morar;
Vê, embevecido, moças lindas que nunca irá conquistar;
Só com a maconha pode viajar,
Só ela lhe dá o consolo que nunca terá!
Sua alma tão livre paira sobre o mar – que é só seu –
Está próximo do céu e de suas estrelas,
Tudo isso é dele, naquele instante em que o fumo se consome.
Seu espírito se confunde com os espirais de fumaça de um cigarro aceso.
Aliás, sua vida é uma série de “baseados” que se queima, consome e se evola,
Talvez fumado por um Ser maior “viajando”
Em imaginar o sofrimento e a dor
Que qualquer criatura poderia ter!
Sim, a vida talvez não passe de uma idéia
Que Deus tenha ao fumar um grande “baseado”...
Quando o fumo acaba,
O pequeno deita na areia e dorme embalado...
Pés bruscos o chutam...
Um guarda chega e o expulsa da praia,
Sem seu fumo não tem mais o mundo
Que há instantes lhe pertencia;
Não tem nem a areia de seu...

(Efer Cilas dos Santos Júnior)

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