100 anos: Carmen Miranda e sua trajetória notável

Nesta segunda-feira (9), Carmen completaria 100 anos de vida.A Brazilian Bombshell", como era chamada nos Estados Unidos, nem brasileira era de nascença, mas adotou a terra com tanto amor que resolveu divulgá-la para todos. Com seu estilo único, a morena, de sobrancelhas bem marcadas e cintura fina, requebrou com bananas na cabeça e pulseiras nos braços pelos palcos de teatros, nas rádios e até no cinema.
E tudo começou na cidade de Marco de Canaveses, em Portugal, onde nasceu Maria do Carmo Miranda da Cunha, seu nome de batismo. Com menos de um ano de idade, a menina veio com a família para o Brasil, onde foi morar na Lapa. Já jovem, para ajudar o pai nas contas da casa, Maria do Carmo precisou largar a escola de freiras em Santa Teresa para trabalhar em uma loja de gravatas e depois em uma de chapéus.
A mudança de nome partiu de um tio, que achava a sobrinha parecida com a heroína da ópera de Bizet. Já chamada de Carmen, em 1929, a morena foi apresentada ao compositor Josué de Barros, que se encantou com seu talento e passou a promovê-la em bicos que apareciam por aí.
Lutadora como sempre, Carmen gravou três discos antes de o sucesso chegar de fato com a marchinha "Pra Você Gostar de Mim (Taí)", de Joubert de Carvalho, que fez parte da trilha sonora da novela "O Cravo e a Rosa", da Rede Globo. O estouro foi imenso e, depois do lançamento da música, Carmen já era considerada a maior cantora do Brasil.
Em 1938, Carmen gravou um de seus maiores sucessos: o filme "Bananas da Terra", de João de Barro, no qual interpretou pela primeira vez "O Que É Que a Baiana Tem?", de Dorival Caymmi, uma de suas canções mais conhecidas.
Com a carreira estabilizada no Brasil, Carmen foi convidada para ir para os Estados Unidos na véspera da Segunda Guerra Mundial. A cantora foi a grande responsável pela divulgação das marchinhas de carnaval da terra americana. De volta ao país após um ano, Carmen foi recebida com vaias pelo público do Cassino da Urca, e, em resposta, lançou "Disseram que Voltei Americanizada", de Vicente Paiva e Luiz Peixoto. A reação foi positiva.
Continuando o vai-e-vem de viagem, em 1940, Carmen voltou para os EUA e ganhou um espaço para seus sapatos e mãos na Calçada da Fama do Teatro Chinês de Los Angeles. Entre este ano e até 1953, a Pequena Notável" rodou 14 filmes. Casada com americano David Sebastian, Carmen se tornou viciada em bebidas alcoólicas e abusava dos remédios estimulantes e calmantes, para agüentar o ritmo alucinado de trabalho.
A decadência física veio logo em seguida. Em 1954, após 14 anos longe do Brasil, Carmen retornou e ficou por quatro meses internada numa suíte do hotel Copacabana Palace, para tratamento. Ligeiramente melhor, voltou para os EUA em 1955. Contudo, o fim da estrela estava marcado. Em 5 de agosto, depois de se apresentar no programa do humorista Jimmy Durante, Carmen colapso cardíaco fulminante e caiu morta no chão do quarto.
A intérprete de "Cantoras do Rádio", "O Tique-Taque do Meu Coração", nos deixou fisicamente, mas nunca foi e nunca será esquecida. Grandes nomes atuais como Sandy, Maria Alcina e Ná Ozzeti foram algumas que já encarnaram a "Pequena Notável" nos palcos, para manter vivo o talento e a obra-prima deixada pela rainha do choro e das marchinhas.
Além disso, na última edição da São Paulo Fashion Week, Carmen ganhou uma exposição de retratos de mais de oito metros de celebridades, como Daniela Mercury, Isabeli Fontana, Daniela Cicarelli e Camila Pitanga vestidas como ela, com todos seus badulaques. Uma segunda exposição também foi exibida na semana de moda. Peças originais, selecionadas entre roupas, acessórios, fotografias e filmes, foram conferidas pelos visitantes.
Ainda no clima homenagem, o Espaço Nova Schin, na Marquês de Sapucaí, escolheu a cantora para marcar o Carnaval 2009. A decoração será feita com muitas lantejoulas, saltos e balangandans, fortes características de Carmen.
(Matéria tirada do msn)