sábado, 7 de março de 2009

O AMOR




Estou a amar-te como o frio
corta os lábios.

A arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.

A inudar-te de facas,
de saliva esperma lume.

Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerável.

A marcar sobre os teus flancos
itinerários de espuma.

Assim é o amor:
mortal e navegável.

(Eugénio de Andrade)

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